Professora Cristiane Brasileiro Mazocoli Silva
A professora Cristiane é um fenômeno de empatia e elaboração de conteúdo. Uma ida a um “cinema interativo”. De início, silenciamos respeitosamente, como numa aula lotada do saudoso filósofo Gerd Bornheim. Mas, adiante, ela lança exemplos e discussões extraídas das mais diversas mídias – de livros a séries da internet. Então, as estudantes se atiram animadamente às discussões e trazem seus próprios exemplos, experiências e dúvidas. Finalmente, a professora dá um desfecho magistral, com a análise de uma obra conhecida, a partir de um ponto de vista inusitado.
Só depois de tudo isso, a chamada.
Os textos estarão na AVA.
Vale o ingresso.
Neste segundo semestre de 2024, às terças, 08:50 AM, na sala F-11088.
AULA DE HOJE:
- Gustavo Bernardo: Redação Inquieta.
- Interpretar – O que é ? Busca de sentido ? Busca de coisas não evidentes ?
- O que estudar ? O texto em si ou o contexto ? Caminhos de interpretação múltiplos. O Prêmio Jabuti – Crônica: um gênero caleidoscópico.
- A avaliação terá textos para escolha, segundo o interesse.
- A tarefa de interpretação da palavra de Deus é uma atividade ligada ao poder ?
- Convenção de Polivalência.
- A leitura é livre ? “A Obra Aberta“, de Humberto Eco. A superinterpretação.
- Leituras e releituras sugeridas:
- Guimarães Rosa: “Grande Sertão Veredas“
- Cecilia Meireles: “Canção“.
- Machado de Assis: “Dom Casmurro“
- Susan Sontag: “Contra a Interpretação“.
- A suspensão da descrença. A entrada no jogo literário. Verossimilhança é outra coisa. A pessoa se incomoda quando algo destoa da construção interna do texto.
- O que é uma ligação atávica ?
- Ligação atávica é um conceito que se refere a uma conexão ou relação com características ancestrais ou primitivas, geralmente herdadas de gerações anteriores. Em literatura, esse termo é usado para descrever temas, comportamentos, ou padrões que remetem a um passado distante, frequentemente relacionado a instintos, tradições, ou traços hereditários que persistem em indivíduos ou grupos ao longo do tempo.
- Em obras literárias, a ligação atávica pode manifestar-se através de personagens que exibem comportamentos ou traços herdados de seus antepassados, ou na recorrência de temas que exploram a influência do passado remoto sobre o presente. Isso pode incluir a repetição de mitos, lendas, ou arquétipos ancestrais, revelando uma continuidade ou um retorno a elementos primordiais da natureza humana.
- Este conceito é frequentemente utilizado para discutir a influência do passado sobre o presente e como as raízes ancestrais moldam a identidade, as ações e as crenças de personagens em uma narrativa.
“Uma ligação atávica refere-se a uma conexão ou relação que remonta a ancestrais antigos ou a características herdadas de antepassados distantes. O termo “atávico” vem de “atavismo,” que na biologia se refere à reemergência de características ou comportamentos de um ancestral que não se manifestaram em gerações mais recentes.
Em um contexto mais amplo, uma ligação atávica pode se referir a comportamentos, traços culturais, ou tendências que parecem ser herdados de maneira primitiva ou arcaica, algo que ressurge de forma inesperada após muitas gerações. Por exemplo, se uma característica física ou comportamento que era comum em um ancestral remoto aparece em uma geração atual, isso pode ser descrito como uma ligação atávica.”
“Na literatura, **verossimilhança** é o princípio que se refere à coerência e plausibilidade de uma narrativa dentro de seu próprio universo ficcional. Isso significa que, mesmo em obras de ficção, fantasia ou outros gêneros não realistas, os eventos, personagens e situações devem parecer críveis e consistentes de acordo com as regras estabelecidas pelo autor.
A verossimilhança não exige que a história seja necessariamente realista no sentido cotidiano, mas sim que seja coerente e que faça sentido dentro do contexto narrativo. Por exemplo, em um livro de fantasia, é verossímil que dragões existam se o universo da história estabelece essa possibilidade desde o início e segue essa lógica ao longo da trama.
Esse conceito é importante para manter a suspensão da descrença do leitor, ou seja, para que o leitor possa se envolver e acreditar na história, mesmo sabendo que é ficção. Uma narrativa que falha na verossimilhança pode perder o interesse do leitor se este começar a questionar a lógica interna da história.”
“A **Convenção de Polivalência** é um conceito utilizado em literatura, especialmente no estudo de narrativas, que se refere à capacidade de um texto literário de ser interpretado de várias maneiras ou de ter múltiplos significados. Essa ideia está ligada à riqueza semântica de uma obra literária, onde diferentes leitores ou críticos podem encontrar significados variados, dependendo de suas perspectivas, contextos culturais e experiências pessoais.
A polivalência em uma obra literária sugere que o texto não tem um único significado fixo, mas é aberto a diversas interpretações, o que enriquece a experiência de leitura. Essa convenção é comum em obras complexas, como poesia ou romances modernistas, onde o autor pode intencionalmente criar ambiguidades ou deixar espaço para múltiplas interpretações.
Por exemplo, um poema pode ser lido como uma reflexão sobre a natureza humana, uma crítica social ou uma expressão de emoções pessoais, dependendo da perspectiva de quem o interpreta. A Convenção de Polivalência valoriza essa multiplicidade de significados, reconhecendo que uma obra literária pode ter diferentes níveis de profundidade e relevância para diferentes leitores.”