Estava eu no ponto de ônibus, em Teresópolis, tarde da noite, esperando o P05 em frente à rodoviária. Havia um Sr. preto ao meu lado, no banco construído pela gentil farmácia, já fechada a essa hora (lá, farmácias e lojas de tinta são gentis; prefeituras não). A gente conversava sobre um fusquinha maneiro que passou. Meu interlocutor carregara para ali duas grandes sacolas de mercadoria que ele passou o dia vendendo. Ele, com seus 70 anos !
Passou por nós um outro preto conhecido, saudado por seu contemporâneo. O novo personagem nos saudou de volta. Meu vizinho falou: -Tá sumido. O recém-chegado deu um sorriso contagiante: – Desde que minha esposa se foi, eu passeio à noite, dou uma volta, prá refrescar a cuca.
O vendedor retruca: – Meus sentimentos. O corajoso viúvo diz, com outro sorriso contagiante: – Deus precisou dela noutro lugar …
Todos sorrimos.
Sê o primeiro