O bicho, sem direção.
Largado, encardido, assustado.
O lixo, abandonado, boia na inundação.
Quase não há mais lixeiras em meu quarteirão.
A chuva enchendo as esquinas.
Bueiro afogado, lago no portão.
No céu, o encorpado véu.
Chuva e sol – dizem – casamento de espanhol.
Aqui, da minha janela, os jovens se acabam em festa.
Começam depois do sinal: As primeiras visitas;
Depois do disque-silêncio – sem consideração.
Nas praias, areia roubada do rio,
tomada à força pro mar engolir.
No olhar, mendigos perdidos ou loucos,
Não podem parar de andar.
A ordem é passar; parar é mortal.
Com verba de fora, constrói-se, sem medo,
o horror de amanhã.
As torres projetam as sombras na praia e na pista,
com seu já pífio sol.
Tem pressa a Nova Dubai.
Os prédios se erguem ao vento,
com bases de um terço, se tanto,
Cinquenta andares ou cem,
Prum um povo já sem compromisso,
com o duvidoso amanhã.
Se a névoa vier, é cuidado,
Se a luz se apagar, é cuidado,
Se a terra tremer, é cuidado,
Se a água subir, nem aviso.
E quando faltar um remédio,
ou tudo virar um tormento,
se todos ligarem sedentos de paz
Para um telefone que n’atende jamais
descobrem que é puro invento, a paz virtual, distante e falsa, é um mero papel.
É o fim desta Nova Dubai !O começo da Pobre Dubai.
É o nexo faltando ao povo.
Ao líder, faltando o tento.
Ele enche os seus bolsos, se cala;Nem mesmo frequenta o lugar !
Juntamente com os colegas da vez
Deixa estar, tanto faz – é tudo fugaz.
Ao longe, trombetas reclamam.
Sê o primeiro