E se meus dados falassem ?

Quando os dados falarem quem os está usando, quando e para que, a privacidade terá mudado de patamar.

Imagine que você tenha acabado de se matricular numa universidade. Na semana seguinte você já recebe uma propaganda sobre cartões de crédito, outra sobre seguro, outra sobre um site de venda. Aconteceu.

Agora imagine que você comprou uma geladeira numa loja famosa. Para levar a geladeira foi necessário que você fizesse um cartão de crédito da loja, sob os auspícios de uma bandeira famosa. Mais adiante você recebe um cartão de crédito já com débitos, feitos num shopping a 78 Km de distância de sua cidade. Três vezes, com os três cartões clonados pela mesma loja. Não é ficção. Também aconteceu comigo.

Finalmente, imagine que seus dados falem com você. Se, no ato do cadastro na universidade ou na loja os meus dados se comprometessem a conversar com um grande banco de dados público mantido pelo governo, onde só você pudesse saber onde seus dados estão sendo usados. Ou onde você pudesse ceder direitos de acesso a entidades, pessoas ou sistemas, especificando que conjunto de dados poderiam ser vistos. E mais, se uma inteligência artificial pudesse te informar, por celular, que seus dados estavam sendo lidos ou ofertados indevidamente – isso poderia ser o melhor dos mundos para você e seu advogado, ou o pior para os donos dos datacenters do crime nas penitenciárias brasileiras. Isso supondo que a sociedade tenha os instrumentos para coibir o mau uso.

A questão é: – Os dados podem falar ? Afinal, dados são estáticos, congelados !

Não é bem assim. Quando usamos certificados digitais, por exemplo, há protocolos que informam aos programas o que se pode fazer com aquele cerificado. Isso pode ser feito também com os dados. É só combinar: dados não são mais utilizados apenas por seus programas corporativos, mas também por programas que atendem a certos protocolos e são certificados pelos criadores desse protocolos. Na verdade, teremos que mudar todos os aplicativos existentes, introduzindo uma nova camada no acesso aos dados. Isso vai dar trabalho e vai custar caro. Vai envolver tecnologias de blockchain. Mas já passou da hora.

Sê o primeiro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *